sábado, 21 de agosto de 2010

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)

LARANJA MECÂNICA
A Clockwork Orange, Inglaterra, 1971. De Stanley Kubrick. Com Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Adrienne Corri.
Em uma sociedade do futuro não muito distante, delinqüentes se divertem espancando mendigos, assaltando residências e violentando mulheres até que o líder do grupo, Alex De Large, traído pelos colegas, é preso e condenado por assassinato. Para sair da prisão, ele aceita submeter-se como cobaia em uma nova experiência para suprimir seus impulsos violentos. O método Ludovico é uma terapia cruel e sádica que não só o torna avêsso a qualquer manifestação de violência como destrói sua paixão pela obra de Ludwig Van Beethoven. Polêmico até a raiz, o filme de Stanley Kubrick foi ousado, corajoso e revolucionário para a época - no Brasil, só passou pela censura graças às "bolinhas pretas", mais assustadoras do que qualquer imagem que o filme pudesse apresentar. Baseado no romance de Anthony Burgess (o título é uma referência às pessoas submissas ao sistema e controladas por ele como máquinas, sem direitos de argumentação, e é também o título do livro em que Frank Alexander trabalhava quando Alex e sua gangue invade sua casa), adaptá-lo para as telas foi um desafio à altura do gênio criativo e rebelde do cineasta. Com seu vocabulário próprio - uma corruptela de russo e inglês, o Nadsat, que requer cuidado extra na tradução para o português, por exemplo -, a trama discute a violência como instrumento institucionalizado, praticada pelos membros desajustados da sociedade contra os cidadãos de bem, e na mesma proporção utilizada pelo Estado para punir esses membros. Kubrick foi acusado de glamourizar a violência como espetáculo sensacionalista. Hoje ela pode parecer até envelhecida diante do que se tem visto recentemente nas telas do cada vez mais gráfico cinema contemporâneo, mas em 1971, foi como pôr o dedo na ferida. A narrativa utiliza uma estética muito peculiar no tratamento visual, uma fascinante mistura de estilos, formas e cores tanto nos figurinos quanto nos cenários, criando um futuro psicodélico e meio retrô, e que por meio das imagens quase hipnóticas registradas pelas lentes precisas do cineasta compõem casamento perfeito com a música de Valter Carlos (posteriormente Wendy Carlos, graças à uma cirurgia de troca de sexo), um pioneiro na utilização da música eletrônica no cinema, misturada a trechos muito bem aproveitados de Beethoven, Rossini e Elgar. Kubrick criou uma espécie de coreografia da violência, enfatizada no momento mais perverso do filme, em que Alex e seus amigos torturam um casal enquanto cantarola "Singing in the Rain". O que incomoda não é o clima opressor e a violência estilizada e gratuita, mas a simpatia com que Kubrick acompanha a trajetória de seu anti-herói. As maldades por ele praticadas, por pior que sejam, não perturbam tanto quanto as que ele sofre após sua reabilitação nas mãos de seus colegas (agora policiais) e de suas antigas vítimas. O final irônico apenas acentua essa impressão, encerra esse discurso ácido e brilhante sobre a hipocrisia da sociedade com chave de ouro e prova que Kubrick era mesmo um visionário. Se ele não inventou o futuro como "2001 - Uma Odisséia no Espaço" previa, pelo menos aqui ele apontou os rumos que o cinema tomaria nos anos seguintes ao lançamento deste clássico provocativo, cínico e genial.

IMDB:  8.5/10

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legendas por legendas.tv



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